Ora viva! Acho a ideia de uma rede descentralizada incrível e apoio completamente o lemmy, mas ainda estamos bastante curtos a nível de conteúdo, portanto vou lançar a primeira pedra a ver se a coisa pega! Comprei há 2 anos atrás uma casa juntamente com a minha namorada. Na altura, já a Euribor estava a subir e para nos salvaguardar, decidimos negociar uma taxa fixa a 5 anos. Entretanto, ao longo destes 2 anos, conseguimos acumular uma poupança significativa e decidimos que a íamos usar para abater ao crédito. Como um de nós tem um perfil de investidor bastante conservador (e o outro um perfil bastante não conservador), pensámos meter o dinheiro todo em CA e no fim do periodo da taxa fixa, abatiamos a poupança total acumulada até então, acrescida dos juros. Esta decisão pareceu-nos a mais correta, pois assim não pagávamos os 2% de juros por estar a abater o crédito (a isenção destes juros apenas se aplica a crédito habitação com taxa variável) e ainda amealhavamos um pouco mais com a poupança que iríamos fazer até lá, acrescida dos juros dos CA. …Mas e se fizessemos tudo ao contrário? Não poderia ser vantajoso ter uma maior liquidez, aumentar o valor de poupança mensal e fazer DCA? Se houver algum imprevisto, para além do fundo de emergência, ter mais liquidez é sempre uma grande vantagem… E como vão estar as taxas de juro após terminar o nosso período de taxa fixa? (alguem tem uma bola de cristal que me empreste?) O meu primeiro reflexo foi fazer um post a perguntar o que fariam neste cenário…no entanto, para variar um pouco e para tentar contribuir com conteúdo e não com perguntas, decidi fazer as contas e avaliar os cenários possíveis.

Para as contas, usei os seguintes valores:

  • Taxa fixa a 5 anos com juros a 3.50%;
  • Capital em dívida no início do crédito 150k;
  • Já passaram 2 anos (capital em dívida é cerca de 142k);
  • Poupança de 10k pronta a investir;
  • Poupança mensal de 200€.

E fiz 3 cenários: 1º - Poupar e não fazer a ponta de um corno. Método de investimento mais usado e bastante eficaz para se perder o poder de compra. Vai ser usado como termo de comparação; 2º - Abater a poupança atual, poupar a diferença entre prestações + a poupança estimada e investir; 3º - Poupar e investir. Abater a poupança no final da taxa fixa.

Para simplificar as contas, a % de retorno dos investimentos vai ser sempre igual para cada cenário e com juro anual acumulado. Usei 1.8% a pensar nos certificados de aforro. Também considerei que daqui a 3 anos, quando for abater o crédito com taxa variável, ainda não vou pagar taxas.

As métricas que medi foram:

  • Quantos € de Juros pago no CH até a taxa fixa acabar;
  • Quanto é que consegui poupar;
  • Quanto crédito tenho eu em dívida - a poupança acumulada;
  • Quanto pago de prestação de CH.

Os resultados que obtive foram:

1º Cenário Prestação 750.94€ Juros Pagos 24 536.73€ Poupança Acumulada 17 200.00€ Crédito em Dívida - poupança 112 280.58€

2º Cenário Prestação 662.92€ (-88.01€) Juros Pagos 23 404.84€ (-1131.89€) Poupança Acumulada 10 746.33€ (-6453.67€) Crédito em Dívida - poupança 111 186.55€ (-1094,03€)

3º Cenário Prestação 750.94€ (=) Juros Pagos 24536.73€ (=) Poupança Acumulada 18012.10€ (+812.10€) Crédito em Dívida - poupança 111 468.48€ (-812.10€)

Com esta primeira simulação, deu para perceber que estávamos a pensar mal e que compensa abater divida o quanto antes…mas e se em vez de meter o dinheiro nos certificados de aforro, investissemos no mercado financeiro?

Nesta segunda simulação usei 7% de retorno dos investimentos e a coisa muda um pouco:

1º cenário Tudo igual…

2º Cenário Prestação 662.92€ (-88.01€) Juros Pagos 23 404.84€ (-1131.89€) Poupança Acumulada 11 889.08€ (-5310.92€) Crédito em Dívida - poupança 110 043.80€ (-2236.78€)

3º Cenário Prestação 750.94€ (=) Juros Pagos 24536.73€ (=) Poupança Acumulada 20 506.29€ (+3306.29€) Crédito em Dívida - poupança 108 974.29€ (-3306.29€)

…Afinal estávamos a pensar bem? Eu diria que sim…e que não… Sim. Em termos teóricos estamos a pensar bem…e depois de brincar com a % de dividendos dos nossos investimentos, acho que podemos dizer de um modo grosso que se estivermos a antever um retorno com uma percentagem superior à nossa taxa do CH, vale sempre a pena investir em vez de abater o crédito. Não, porque o retorno que estamos a calcular nestes cenários é espéculativo e um de nós ia perder o sono caso estivessemos a investir o nosso dinheiro em produtos financeiros com maior risco. Num prazo tão curto como este, também existem mais probabilidades de não conseguirmos um retorno anual tão alto…podemos até perder dinheiro. E com os dividendos dos CA tão baixos, não adianta investir neste produto.

A conclusão a que chegámos foi que, face ao nosso caso e às nossas variáveis, vamos mudar a nossa estratégia e vamos abater agora o máximo de poupança possivel.

O que acham? E parabens aos que leram até ao fim!